segunda-feira, 30 de novembro de 2009

informação básica


Síndrome de Asperger

escrito por: Daniela Mann

O síndrome de Asperger ou o transtorno de Asperger ou ainda Desordem de Asperger é um síndrome que está relacionado com o autismo, diferenciando-se deste por não comportar nenhum “atraso ou retardo global no desenvolvimento cognitivo ou de linguagem”. O termo “síndrome de Asperger” foi utilizado pela primeira vez por Lorna Wing em 1981 num jornal médico, que pretendia desta forma honrar Hans Asperger, um psiquiatra e pediatra austríaco cujo trabalho não foi reconhecido internacionalmente até a década de 1990, mais precisamente em 1994 no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, na sua quarta edição.


Suspeita-se que Albert Einstein, o físico Isaac Newton, o compositor Mozart e o pintor renascentista Miguel Ângelo também fossem portadores da síndrome, além do cineasta Stanley Kubrick e do filósofo Wittgenstein, bem como Andy Warhol. Outra Asperger de sucesso chama-se Temple Grandin, nos Estados Unidos, uma engenheira e zoóloga, professora universitária. Outro Asperger de sucesso é Syd Barret, vocalista, guitarrista e compositor do Pink Floyd, que devido ao Síndrome de Asperger, viria a só participar no primeiro álbum (maioritariamente) e, minoritariamente, no segundo álbum da banda. Também o vocalista da banda australiana The Vines, Craig Nicholls, foi diagnosticado com a síndrome. Nicholls catalisa toda a sua inteligência na música, criando climas energéticos e totalmente psicadélicos, estando, no entanto, afastado de quase todo o relacionamento social.

Características

Interesses específicos ou preocupações com um tema em detrimento de outras actividades;

Rituais ou comportamentos repetitivos;

Peculiaridades na fala e na linguagem;

Padrões de pensamento lógico/técnico extensivo (às vezes comparado com os traços de personalidade do personagem Spock de Jornada nas Estrelas);

Comportamento socialmente e emocionalmente impróprio e problemas de interacção inter pessoal;

Problemas com comunicação não-verbal;

Transtornos motores, movimentos desajeitados e descoordenados.

Sinais de Alerta

1. Dificuldade em ler as mensagens sociais e emocionais dos olhares – portadores de SA geralmente não olham nos olhos, e quando olham, não os conseguem “ler”.

2. Interpretar literalmente – indivíduos com SA têm dificuldade em interpretar coloquialismos, ironia, gírias, sarcasmo e metáforas.

3. Ser considerado rude e ofensivo – propensos a um comportamento egocêntrico, os Aspergers não captam indirectas e sinais de alertas de que seu comportamento é inadequado à situação social.

4. Honestidade - portadores de Asperger são geralmente considerados “honestos demais” e têm dificuldade em enganar ou mentir, mesmo às custas de magoar alguém.

5. Percepção de erros sociais – à medida que os Aspergers amadurecem e se tornam cientes de sua “cegueira emocional”, começam a temer cometer novos erros no comportamento social, e a autocrítica em relação a isso pode crescer a ponto de se tornar numa fobia.

6. Paranóia – por causa da “cegueira emocional”, pessoas com SA têm problemas para distinguir a diferença entre as atitudes deliberadas ou casuais dos outros, o que por sua vez pode gerar uma paranóia.

7. Lidar com conflitos – ser incapaz de entender outros pontos de vista pode levar a inflexibilidade e a uma incapacidade de negociar soluções de conflitos. Uma vez que o conflito se resolva, o remorso pode não ser evidente.

8. Consciência de magoar os outros – uma falta de empatia em geral leva a comportamentos ofensivos ou insensíveis não-intencionais.

9. Consolar os outros – como carecem de intuição sobre os sentimentos alheios, pessoas com SA têm pouca noção sobre como consolar alguém.

10. Reconhecer sinais de enfado – a incapacidade de entender os interesses alheios pode levar Aspergers a serem bastante desatentos e geralmente não percebem quando o seu interlocutor está entediado ou desinteressado.

11. Introspecção e auto-consciência – os indivíduos com SA têm dificuldade de entender os seus próprios sentimentos ou o seu impacto nos sentimentos alheios.

12. Vestuário e higiene pessoal – pessoas com SA tendem a ser menos afectadas pela pressão dos semelhantes do que outras. Como resultado, geralmente fazem tudo da maneira que acham mais confortável, sem se importar com a opinião alheia. Isto é válido principalmente em relação à forma como se vestem e aos cuidados com a própria aparência.

13. Amor e rancor – como os Aspergers reagem mais pragmaticamente do que emocionalmente, as suas expressões de afecto e rancor são em geral curtas e fracas.

14. Compreensão de embaraço e passo em falso – apesar do fato de pessoas com SA terem compreensão intelectual de constrangimento e gafes, são incapazes de aplicar estes conceitos no nível emocional.

15. Lidar com críticas – pessoas com SA sentem-se forçosamente compelidas a corrigir erros, mesmo quando são cometidos por pessoas em posição de autoridade, como um professor ou um chefe. Por isto, podem parecer imprudentemente ofensivos.

15. Velocidade e qualidade do processamento das relações sociais – como respondem às interacções sociais com a razão e não com a intuição, os portadores de SA tendem a processar informações de relacionamento muito mais lentamente do que o normal, levando a pausas ou demoras desproporcionais e incómodas.

16. Exaustão – quando um indivíduo com SA começa a entender o processo de abstracção, precisa treinar um esforço deliberado e repetitivo para processar informações de outra maneira. Isto muito frequentemente leva a exaustão mental.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Desligados do mundo


FALTA DE COMUNICAÇÃO DE AUTISTAS E MITOS SOBRE A DOENÇA SÃO BARREIRAS PARA A SOCIALIZAÇÃO

O autista parece desconectado do mundo. Não consegue se relacionar nem é capaz de manter uma simples conversa. Não bastasse isso, a doença ainda é cercada por mitos que erguem outras barreiras ao redor do paciente, impondo um isolamento maior. Um dos mais prejudiciais é achar que a condição é consequência da falta de amor dos pais. Essa hipótese, elaborada pelo austríaco Leo Kanner, surgiu logo no início dos estudos sobre a enfermidade. Apesar de ter sido descartada anos depois, o mito se mantém vivo ainda hoje e incomoda os familiares.


Além de estarem erradas, essas falsas concepções atrapalham os portadores, reduzindo suas chances de integração à sociedade. Para um tratamento eficiente, o primeiro passo é derrubar os mitos.


Outra falsa ideia que rodeia o autismo é a da genialidade, que ganhou força graças a Hollywood. No filme Rain Man (1988), o vencedor do Oscar Dustin Hoffman interpretava um paciente com sérios distúrbios de comunicação. Em contrapartida, exibia uma inteligência espantosa, antecipando lances em jogos de cartas e ganhando dinheiro em cassinos.
Apesar de altas habilidades estarem presentes em casos raros, o filme popularizou a ideia de que autistas são pessoas incrivelmente inteligentes. Mas, na maior parte dos casos, não são. Uma grande parcela dos portadores apresenta retardo mental.


Por isso, têm grande dificuldade de aprendizado e podem apresentar comportamentos como machucar-se de propósito ou bater com a cabeça contra a parede. Além disso, a dificuldade de relacionamento diminui em muito as chances de que se tornem gênios.


Outro equívoco é crer que habitam um mundo particular, onde vivem felizes. – Apesar de estarem, na maioria das vezes, sozinhos e pensativos, os autistas não criam um universo paralelo. Há uma enorme dificuldade de interação social e de comunicação, que limita a participação deles na sociedade, tornando-os indivíduos isolados, com maneiras e rotinas peculiares – explica o psiquiatra Emílio Salle.

A origem do autismo, na verdade, nunca foi descoberta. Acredita-se que seja uma deficiência neurológica intimamente ligada à condição genética. Recentemente, a revista científica britânica Nature publicou um trabalho da universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, que identificou diversos genes ligados ao autismo, avançando no mapeamento da doença.

– Os pacientes podem nascer com forte predisposição ou adquiri-la durante os 18 primeiros meses de vida. A ciência encontrou várias alterações genéticas ligadas ao autismo, mas nenhuma delas é determinante, já que, em muitos casos, não há registro de alteração genética nem neurológica – explica o psicanalista Alfredo Jerusalinsky.

Falsas concepções


Saiba qual é a verdade por trás de alguns mitos a respeito do autismo:

- Os portadores da doença amam muito, sejam os familiares ou outras pessoas do convívio. O problema é que nem sempre sabem como demonstrar afeto. Os pacientes são sensíveis ao ambiente onde vivem

- O mito surgiu quando o primeiro pesquisador a identificar o autismo atribuiu o fato às “mães geladeira”, sem emoção. Anos depois, a hipótese foi r evista, e a falta de amor acabou sendo descartada como causa da doença. O engano persiste por causa da dificuldade dos pais em se relacionar com os filhos

- O isolamento é consequência da dificuldade de comunicação. Com o tratamento, os pacientes podem conseguir se expressar melhor e passar a viver em harmonia com as pessoas à volta. Isso demanda uma boa dose de esforço e paciência

- O autismo é uma doença neurológica, genética e psicológica, que afeta principalmente a capacidade de comunicação. Muitos autistas não interpretam dados porque as informações não são “filtradas” corretamente pelo cérebro

- O autista, muitas vezes, não tem a capacidade de simbolizar, ou seja, de encontrar significados abstratos para gestos, palavras ou movimentos. Isso causa dificuldades de interpretação

- Muitos pacientes, por exemplo, ao deparar com uma mão aberta, podem ter dificuldade para entender o gesto. A mão aberta pode signifcar um aceno, um sinal de pare ou mesmo o número cinco, de acordo com o contexto

- Muitos autistas, entretanto, podem demorar ou mesmo não conseguir interpretar dessa forma, e entendem apenas que a mão está aberta

- Essa dificuldade cria um problema de comunicação com as outras pessoas, dificultando a empatia e provocando o isolamento
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Extraído de: http://www.clicrbs.com.br/jsc/sc/impressa/4,1161,2703651,13440