sábado, 29 de agosto de 2009

GUIA PARA PROFESSORES


COMPREENDENDO OS ESTUDANTES COM SÍNDROME DE ASPERGER


Tradução do italiano e do inglês a partir do texto: Williams, Karen -“Understanding the student with Asperger syndrome: guidelines for teachers”. Focus on autistic behavior, vol. 10, n.2, June, 1995.


As crianças com síndrome de Asperger (SA) apresentam um desafio especial para o ambiente pedagógico. Este artigo fornece aos professores uma descrição de sete características peculiares da síndrome, além de sugestões e estratégias baseadas na experiência da autora com o ensino de crianças com SA.


As crianças com SA são normalmente vistas como excêntricas e esquisitas pelos colegas, as inaptidões e inabilidades sociais freqüentemente as tornam vítimas de gozação ou bodes expiatórios. O seu desajeitamento e interesses obsessivos sobre assuntos que não interessam a ninguém se juntam ao seu comportamento esquisito. As crianças com SA não possuem a capacidade de compreender espontaneamente as relações humanas ou as regras e convenções sociais; são muitas vezes ingênuas e freqüentemente carecem de bom senso. Sua inflexibilidade e incapacidade de “administrar” mudanças faz com que estes indivíduos se estressem facilmente e sejam vulneráveis emocionalmente. Ao mesmo tempo, muitos dos portadores de SA (a maioria são do sexo masculino) tem inteligência média ou superior e tem grande capacidade de memorização. Aos seus interesses pouco comuns podem levá-los a grandes resultados mais tarde na vida.


A SA é considerada uma desordem situada na porção superior do espectro do autismo. Comparando os indivíduos pertencentes a este espectro, Van Krevelen afirmou que as crianças autistas de baixa eficiência “vivem no seu próprio mundo”, enquanto as com autismo de alta eficiência “vivem no nosso mundo, mas da sua própria maneira”. Naturalmente as crianças SA não são todas iguais. Cada criança SA tem suas particularidades e os sintomas se manifestam de modos específicos em cada indivíduo. Por isso não há receita única para melhorar sua socialização; cada caso é um caso.


As sugestões abaixo são gerais e devem ser adaptadas às necessidades de cada estudante. Os exemplos de intervenções nas salas de aula são ilustrados com experiências de ensino na Universidade de Michigan.


1) APEGO À ROTINA.


As crianças com SA são facilmente superexcitados com a mínima mudança, são muito sensíveis e estressáveis pelo ambiente e algumas vezes se apegam a rituais. São ansiosos e tendem a preocupar-se obsessivamente quando não sabem o que os espera; perdem o controle facilmente com estresse, cansaço e sobrecarga sensorial (música, barulho, luz, cheiro, etc.).


Sugestões de programação:


- Proporcionar um ambiente previsível e seguro;


- Minimizar as mudanças/alterações;


- Oferecer uma rotina diária consistente: a criança com SA deve compreender a rotina da cada dia e saber o que a que tenha condições de concentrar-se objetivamente;


- Evitar as surpresas: preparar a criança detalhada e antecipadamente para atividades especiais, modificações de agenda e na rotina, mesmo se mínimas;


- Diminuir o medo do desconhecido expondo a criança a novas atividades, professores, aulas, escola e locais, mas sempre depois de informar à criança sobre a mudança com a maior antecipação possível. Por exemplo: quando a criança for mudar de escola, deve encontrar-se com o novo professor, fazer um passeio pela nova escola e ser informado antecipadamente da nova rotina. O transporte para a escola nova deve passar pela escolha velha nos primeiros dias para que a criança se habitue ao novo trajeto. O auxiliar de ensino deve procurar alguma área de interesse especial da criança.


2) COMPROMETIMENTO DAS INTERAÇÕES SOCIAIS


As crianças SA mostram-se incapazes de entender regras complexas de interação social são ingênuas, são extremamente egocêntricas, podem não apreciar o contato físico, não compreendem ironia, metáforas e algumas brincadeiras, usam um tom de voz monótono e empolado, pouco natural; usam de modo inadequado o olhar e a linguagem corporal; são insensíveis e lhes falta tato; não compreendem os sinais sociais; não sabem avaliar e interpretar as regras sociais, exibem habilidades limitadas para iniciar e manter uma conversação; tem um discurso bem desenvolvido mas pobre do ponto de vista comunicativo; são algumas vezes apelidados de “pequenos professores”, por causa do estilo de prosa semelhante a um adulto e pedante; são facilmente enganados (não percebem que às vezes os outros podem mentir ou trapacear) e usualmente deseja inserir-se socialmente.


Sugestões de programação:


- Proteger a criança da ridicularização;


- Nos grupos de idade mais avançada, tentar educar os colegas em relação às crianças SA quando a capacidade social é grave, por meio da descrição dos seus problemas; elogiar os colegas quando o tratam com compreensão; este trabalho pode evitar a ridicularização ao mesmo tempo que promove a empatia e a tolerância nas outras crianças;


- Enfatizar as habilidades de aproveitamento acadêmico das crianças com SA por meio da cooperação de aprendizado, onde a sua habilidade de leitura, vocabulário, memória, possam ser vistas como um privilégio pelos colegas, gerando aceitação;


- Muitas crianças com SA querem fazer amigos, mas simplesmente não sabem como interagir; eles podem ser instruídos sobre como reagir aos sinais sociais e a ter um repertório de respostas para várias situações sociais; ensinar as crianças o que dizer e como dizer; simular interações dois-a-dois e permitir o “role-playing”. A interação social destas crianças melhora somente depois que são instruídos sobre as regras que os outros apreendem intuitivamente. Um adulto com SA afirmou que havia aprendido a “imitar o comportamento humano”. Uma professora universitária com SA conta que as suas tentativas de compreender as interações humanas a faziam sentir-se como “um antropólogo em Marte”;


- Apesar dessa falta de compreensão das emoções dos outros, as crianças com SA apreendem o modo correto de se comportar. Quando insultam alguém de maneira não intencional, sem tato ou insensivelmente, deve ser explicado a eles por que o comportamento foi inadequado e qual a forma apropriada. Os indivíduos com SA devem aprender intelectualmente as habilidades sociais, já que lhes faltam o instinto e a intuição para isso.


- Estudantes com SA mais velhos podem se beneficiar da atuação de um amigo protetor/guia/tradutor. O educador pode treinar um colega sensível e sentá-los próximos. O companheiro pode ajudar o amigo no ônibus, nas férias e tentar envolvê-lo nas atividades escolares.


- As crianças com SA tendem a ser fechadas; o professor deve estimular o seu envolvimento com os colegas. Encorajar a socialização ativa e limitar o tempo gasto nos seus interesses isolados. Por exemplo, sentar à mesa do lanche um auxiliar de ensino que encoraje ativamente a criança a participar da conversação de seus coetâneos não só através da solicitação de suas opiniões e fazendo perguntas, mas também estimulando sutilmente os outros meninos a fazer o mesmo.


3) INTERESSES RESTRITOS


Os SA tendem a ter obsessões excêntricas ou bizarras, fixações intensas (algumas vezes ligados obsessivamente a coisas incomuns). Tendem a permanecer inflexivelmente sobre sua área de interesse, fazem perguntas repetitivas sobre esta, seguem suas próprias inclinações independente das demandas externas e algumas vezes se recusam a aprender qualquer coisa fora do seu limitado campo de interesse.


Sugestões de programação:


- Não permitir que as crianças SA conversem de modo perseverante ou façam perguntas sobre interesses isolados (só delas). Limitar este comportamento através da determinação de um período específico do dia durante o qual o SA possa falar sobre o seu tema de interesse. Por exemplo: para um menino que era fixado em animais e fazia inúmeras questões sobre as tartarugas e animais domésticos era permitido fazer perguntas somente durante o intervalo. Isto se tornou parte de seu cotidiano e ele rapidamente aprendeu a se conter quando começava a fazer perguntas em outras horas do dia.


- Usar reforços positivos seletivamente direcionados a moldar um comportamento desejado é a estratégia fundamental para ajudar a criança SA (Dewey, 1991). Estas crianças respondem aos elogios (no caso de um incansável perguntador, o professor deve elogiá-lo de forma consistente assim que pára e congratulá-lo quando permitir que os outros falem). A criança também pode ser elogiado por comportamentos simples e adequados para crianças da mesma idade.


- Algumas crianças SA não vão querer fazer tarefas fora da sua área de interesse. Deve se exigir firmemente a execução da tarefa. Deve ser explicado muito claramente à criança que ela não está no comando da situação e que deve seguir as regras. Ao mesmo tempo, entretanto, é preciso encontrar um meio termo, dando a elas a oportunidade de satisfazer os seus interesses.


- Para crianças particularmente recalcitrantes é preciso inicialmente individualizar todas as tarefas relacionadas a sua área de interesse (se são os dinossauros, então oferecer frases de gramática, leituras ou exercícios sobre dinossauros), introduzir gradualmente outros assuntos nas tarefas.


- Os estudantes devem receber tarefas que façam a ligação de seus interesses com o assunto estudado. Por exemplo, durante estudos sociais relacionados a um país , para uma criança fixada em trens, pode ser atribuída a tarefa de pesquisa dos meios de transporte usados pela população daquele país.


- Usar a fixação da criança como maneira de ampliar o seu repertório de interesses. Por exemplo, durante uma pesquisa sobre as florestas pluviais, um estudante SA que era fixado em animais foi estimulado a estudar não somente os animais da floresta pluvial, mas a própria floresta como a casa dos animais. E assim foi motivado a estudar que a população local era forçada a matar os animais da floresta para poder sobreviver.


4) CONCENTRAÇÃO LIMITADA


As crianças com Asperger frequentemente se desligam das atividades de classe, distraídas por estímulos internos, são muito desorganizadas, tem dificuldades de manter a atenção (muitas vezes, não é que não possua capacidade de concentração e sim o seu foco é bizarro; o indivíduo SA não consegue perceber o que é relevante) e assim a sua atenção é dirigida a estímulos irrelevantes; tendem a se refugiar no seu complexo mundo interior de maneira mais intensa do que o “sonhar acordado” e tem dificuldade em aprender quando está em grupo.


Sugestões de programação


- Deve ser providenciada uma grande estruturação externa para que o SA seja produtivo em classe. As tarefas devem ser fragmentadas em pequenas unidades e devem ser oferecidos ao professor “feedback” e orientações freqüentes.


- As crianças com graves problemas de concentração se beneficiam de uma divisão das tarefas por períodos de tempo. Isto as ajuda a se organizar. Se uma tarefa na classe não for completada dentro do limite de tempo estabelecido ou ficar malfeita, ela deve ser completada durante o recreio ou no período destinado ao interesse especial da criança. As crianças com SA são às vezes obstinadas; as ordens devem ser firmes e o programa estruturado de forma a lhes ensinar que a obediência às regras leva a recompensas (esse tipo de programa motiva a criança a ser produtiva, aumenta a auto estima e baixa o nível de estresse, pois ela se enxerga como competente).


- No caso dos clássicos estudantes com SA, a concentração limitada, a lentidão e a grave desorganização tornam necessário que a sua carga de tarefas seja diminuída e que seja adicionado um tempo extra quando um educador de apoio providencia a estruturação necessária para completar a tarefa. (Alguns SA são incapazes de concentrar-se a tal ponto, que geram um estresse excessivo para os pais que ficam horas procurando fazer as tarefas com seus filhos).


- Fazer a criança sentar-se na primeira fileira e lhe fazer perguntas frequentes para ajudá-lo a acompanhar a aula.


- Utilizar sinais não verbais (por exemplo: bater gentilmente nas costas) quando a criança não estiver atenta.


- Se for utilizada a estratégia do amigo protetor, fazer com que os dois sentem-se lado a lado, para que o amigo possa lembrar ao AS de voltar à tarefa ou prestar atenção à aula.


- A professora deve encorajar ativamente o SA a abandonar seus pensamentos perseverantes e suas fantasias e concentrar-se na tarefa real. Essa é uma batalha constante, uma vez que a segurança deste mundo interior é muito mais atrativa do que o mundo real. Para as crianças menores, mesmo os períodos livres (free play) precisam ser estruturados, por que eles costumam permanecer tão profundamente imersos em fantasias solitárias e rituais, que perdem o contato com a realidade. Encorajar o SA a brincar com os colegas, sob uma rigorosa supervisão, não somente estrutura a brincadeira, mas oferece a possibilidade de colocar em prática habilidades sociais.


5) COORDENAÇÃO MOTORA LIMITADA


As crianças SA são fisicamente desajeitadas e desastradas; tem um caminhar desajeitado e endurecido; são mal sucedidas em brincadeiras/jogos que exijam habilidades motoras; apresentam deficiência motora fina que pode causar problemas de caligrafia, lentidão para escrever e prejudicar o seu desenho.


Sugestões de programação


- Desenvolver para o SA um programa especial de educação física se os problemas motores forem graves.


- Envolver o SA em um currículo de saúde/fitness em educação física ao invés de um programa de esportes competitivos.


- Não colocar o SA para participar de esportes competitivos, pois sua coordenação motora limitada o levará à frustração e à ridicularização por parte dos colegas. O SA não tem a compreensão social da coordenação das suas próprias ações com aquelas dos outros jogadores de um time.


- As crianças com SA devem ser inseridas em um programa de caligrafia altamente individualizado que vincule traçado e cópia sobre papel com a padronização dos movimentos na lousa. O professor, além das instruções verbais, deve guiar os movimentos da mão da criança repetidamente para formar as letras e as conexões entre elas. Uma vez que a criança tenha gravado o roteiro na memória ela poderá dizê-lo para si mesma e formar o arranjo de letras de maneira independente.


- As crianças menores com SA obtém maior benefício com a utilização de orientações (exemplos) desenhadas sobre o caderno que possam ajudar a controlar a dimensão e a uniformidade das letras por eles escritas. Além disto, os obriga a escrever cuidadosamente e com calma.


- Quando for determinar uma tarefa para os alunos, a lentidão de escrita da criança com SA deve ser considerada no cálculo do tempo necessário para sua realização


- Os indivíduos com SA necessitam, mais do que seus colegas, realizar as tarefas na classe (prosseguindo na hora do recreio, não somente oferecendo mais tempo, mas fornecendo estrutura e auxílio para que a criança possa concentrar-se sobre a tarefa) .


6) DIFICULDADES ACADÊMICAS


As crianças SA têm inteligência média ou superior à média (sobretudo na esfera verbal), mas lhes falta um nível elevado de pensamento e compreensão. Eles tendem a ser literais: as suas imagens são concretas e abstração está prejudicada. A sua linguagem pedante e o vocabulário sofisticado dão a falsa impressão de que estão compreendendo o que estão falando, mas na verdade simplesmente imitam aquilo que ouviram ou leram. Essas crianças frequentemente têm uma boa memória, mas de natureza mecânica; isto faz com que a criança responda como um vídeo-tape, que funciona em seqüências fixas. A capacidade de resolver problemas é reduzida.


Sugestões de programação


- Organizar programas acadêmicos altamente individualizados de forma a proporcionar resultados positivos consistentes. A criança SA necessita de grande motivação para não seguir os seus impulsos. O aprendizado deve ser gratificante e não provocar ansiedade.


- Não assumir que a criança tenha aprendido alguma coisa somente por que repete o que ouviu.


- Oferecer explicações adicionais e procurar simplificar quando os conceitos forem abstratos


- Tirar proveito da excepcional memória desses indivíduos: memorizar informações concretas é frequentemente o seu forte.


- Nuanças emocionais, múltiplos níveis de significado e relacionamentos pessoais presentes em romances não serão compreendidos.


- As redações desses indivíduos são repetitivas, pulam de argumento para outro e contem conotações verbais incorretas. Essas crianças muitas vezes desconhecem a diferença entre um conhecimento generalizado e suas opiniões pessoais e, portanto, assumem que o professor entende suas idéias nem sempre compreensíveis.


- Tem uma excelente habilidade de leitura, mas uma compreensão verbal pobre. Não deve ser presumido que compreendam aquilo que estão lendo de maneira fluente.


- O trabalho acadêmico pode ser pobre qualitativamente, pois a criança com SA não se motiva em áreas que não lhe interessem. As expectativas em relação a uma tarefa devem ser muito claras e firmes para melhorar a qualidade do trabalho produzido. O trabalho realizado dentro do prazo estabelecido pode ser completo mas sem capricho. A criança deve corrigir a tarefa durante o recreio ou no horário dirigido para seu “interesse especial”.


6) VULNERABILIDADE EMOCIONAL


As crianças SA têm inteligência para freqüentar um programa regular de educação, mas muitas vezes não tem os recursos emocionais para lidar com as demandas da classe. Estas crianças, por causa da sua inflexibilidade, facilmente se estressam. Sua auto-estima é baixa e frequentemente são auto-críticos e incapazes de tolerar erros. Os indivíduos com SA, principalmente adolescentes, são predispostos à depressão (uma alta porcentagem de adultos com SA deprimidos foi documentada). Comportamentos temperamentais e explosões de raiva são comuns na situação de estresse ou frustração. As crianças SA raramente parecem relaxadas e ficam facilmente superexcitadas quando as coisas não acontecem como a sua rígida concepção prevê. Para interagir com as pessoas e conseguir corresponder a solicitações cotidianas realizam enormes esforços.


Sugestões de programação


- Evitar as explosões proporcionando um alto nível de contenção. Preparar as crianças para as mudanças de rotina, para reduzir o estresse. As crianças SA frequentemente se tornam revoltadas, enraivecidas e assustadas frente a mudanças inesperadas e forçadas.


- Ensinar a criança como enfrentar o estresse para evitar as explosões. Ajudar a escrever uma lista de etapas concretas a seguir quando estão estressados (por exemplo: 1. Respirar fundo 3 vezes; 2. Contar os dedos da mão direita 3 vezes lentamente; 3. Procurar o professor de apoio, etc.). Incluir um comportamento ritual sugerido pela própria criança para se tranqüilizar. Escrever estas etapas em um cartão fixado na carteira da criança ou colocado no bolso para que possa estar sempre à mão.


- O tom da voz do professor deve ser o menos emocional possível. O professor deve ser calmo, previsível e prático nas interações com essas crianças ao mesmo tempo em que demonstra compreensão e paciência. Hans Asperger, o psiquiatra que dá o nome a esta síndrome, ressalta que “o professor que não compreende a necessidade de ensinar a estas crianças as coisas óbvias ficará impaciente e irritável”. Não deve se esperar que a criança SA perceba que está triste ou deprimida; da mesma forma que ela não percebe os sentimentos dos outros, não compreende os próprios. Elas frequentemente escondem a depressão e negam os sintomas.


- O professor deve estar atento às mudanças de comportamento que sugiram depressão, como um grau maior de desorganização, inatividade, isolamento, diminuição do limiar de estresse, fadiga crônica, choro e afirmação de suicídio, etc. Nesses casos não deve ser aceita a sua opinião de que está bem.


- Relatar os sintomas ao terapeuta da criança ou fazer uma consulta para que a criança possa ser avaliada com relação à depressão e receber o tratamento necessário. Uma vez que estas crianças são incapazes de avaliar as suas emoções e não conseguem procurar o conforto dos outros, é importante que a depressão seja diagnosticada rapidamente.


- É preciso que se saiba que os adolescentes com AS são particularmente predispostos à depressão. As habilidades sociais são altamente valorizadas na adolescência e os alunos com AS percebem a suas diferenças e tem dificuldade de formar relações pessoais normais. As tarefas acadêmicas se tornam mais abstratas e eles acham as lições mais complexas e difíceis. Em um caso, um professor observou que um adolescente com SA não chorava mais sobre as lições de Matemática e acreditou que a sua capacidade tivesse melhorado. Na realidade, a sua piora posterior em organização e produtividade em Matemática revelou que o adolescente havia se refugiado em seu mundo interior para fugir da Matemática.


- É de grande importância que os estudantes adolescentes com SA tenham uma pessoa do grupo de suporte bem identificada a quem possa recorrer uma vez ao dia. Essa pessoa pode avaliar como a criança está lidando com as situações e manter-se informada pelos professores.


- As crianças com SA devem receber assistência pedagógica assim que se notem dificuldades em determinada área.


- As crianças SA emocionalmente muito frágeis podem necessitar de uma classe especial altamente estruturada e de um programa acadêmico individualizado. Necessitam de um ambiente de aprendizado no qual se enxerguem como competentes e produtivos. Colocando-os no ambiente tradicional, eles não serão capazes de aprender os conceitos ou de completar as tarefas, acarretando um rebaixamento da auto-estima, aumentando a super-excitação e abrindo caminho para a depressão. (Em algumas situações pode ser designada uma ajuda individual ao invés de uma classe especial. Esta ajuda deve fornecer também suporte emocional, estrutural e um “feedback” consistente.)


O professor desempenha um papel vital para que a criança com SA aprenda a lidar com o mundo em volta dela. Uma vez que estas crianças frequentemente são incapazes de expressar os seus medos e suas ansiedades, cabe aos adultos lhes mostrar que vale a pena trocar o seu mundo interior de fantasias pelas incertezas do mundo exterior. Profissionais que trabalham com as crianças devem proporcionar a organização, estrutura e estabilidade da qual carecem. Usar estratégias criativas de aprendizado com estas crianças é fundamental não só pelos melhores resultados pedagógicos, mas por ajudá-los a se sentir menos alienados dos outros seres humanos e menos pressionados pelas exigências da vida cotidiana.

Referências bibliográficas

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